Tom Karabachian faz show no Sesc Belenzinho

Cantor faz show do seu primeiro álbum autoral "Baratos e Afins"
Por Bruno Silva

Foto: Divulgação

No dia 23 de março, domingo, às 18h, o Sesc Belenzinho apresenta o show do cantor Tom Karabachian. Os ingressos custam R$ 60 (inteira), R$ 30 (meia-entrada) e R$ 18 (Credencial Sesc) e podem ser adquiridos no portal sescsp.org.br e nas bilheterias físicas das unidades do Sesc SP.

 

Tom Karabachian é cantor, compositor e instrumentista e filho do cantor Paulinho Moska. Apresenta o show de seu primeiro álbum autoral, "Barato Abstrato", que é marcado por uma sonoridade bem brasileira e com inspirações de bossa nova, frevo, xote e samba. O trabalho de estúdio conta com dez faixas, tem as participações especiais de Chico César e Mosquito e foi produzido pelo multi-instrumentista Elísio Freitas.

 

O primeiro álbum autoral de Tom Karabachian se chama curiosamente Barato Abstrato, título que nos sugere "o prazer da sensação do invisível", como o som das palavras e dos instrumentos numa gravação.

 

Produzido pelo multi-instrumentista Elisio Freitas, o disco tem dez faixas que, ao final da escuta, exalam um multiperfume que reflete imediatamente sua geração (a mesma de Duda Beat, Liniker, Bala Desejo e Gilsons), onde a chamada MPB já se misturou tanto que não há mais como defini-la. Rock, frevo, funk, valsa, samba, xote, guarânia, piseiro... A letra P, que sempre foi traduzida como "popular", deve ser lida hoje como "plural". E, assim, passamos a celebrar nossa sempre novíssima MPB, a Música Plural Brasileira cada vez mais faminta de sua própria diversidade. É nesse cenário e nesse tempo que surgem as canções de "Barato Abstrato".

 

O disco abre com "Sou Assim Até Mudar", que Mart'nália já tinha gravado lindamente em seu álbum homônimo de 2021 - mas o autor quis nos deixar sua versão intimista e sincera num clima vazio e panorâmico.
 

A letra de "Um Coração Só", cantando "Nos Meus Olhos, Pai", parceria do Tom com o amigo de infância Zé Ibarra (Milton Nascimento, Bala Desejo), em que escutamos uma comovente declaração de amor à figura paterna, chegando até a inverter os papéis de proteção e cuidado. É um outro momento blue, mas nem um pouco triste. O amor aqui pulsa forte. "Zé é, para mim, como Márcio Borges é para Milton Nascimento. Grande parceiro da vida e da música", justifica Tom.
 

Em "Todo Cinza é Blue", o repertório dá sua primeira guinada, porque ainda que Mestrinho nos carregue no colo com sua melancolia nordestina, surge neste blues também algo do tango e do fado que deixa mesmo tudo cinza, assim como o título da faixa.
 

A "caetânica" e sedutora faixa-título tem metais quentes, capitaneados pelo trombonista Antonio Neves, que nos sugerem um clima de músicos tocando juntos, como uma fotografia de um momento. "Domingo à Noite" é pura balada pop swingada, que começa com a frase "Não importa aonde vai dar", continuando a ideia libertária de que "o caminho da construção é o mais importante". Toda dor é solidão, mas sem muita demora, porque um piseiro pulsante nos coloca de novo a mexer o corpo e a mente com "Ressaca Brasil", escancarando nosso espelho insaciável por dinheiro e poder: "É tudo ouro... Ou nada em jogo".
 

É sabido que depois da chuva sempre surge um raio de sol por trás das nuvens. E essa luz é Mosquito, que canta em duo com Tom o empolgante samba "Pra Toda Gente", num abraço generoso e camarada, como um carinho de irmão. O disco termina com "Lance Lance", um carnaval Rita Lee pulsando em um frevo Moraes Moreira, dançando numa festa tropicalista que desemboca novamente em um novo barato, sempre abstrato.