Músico faz revelações sobre sua vida pessoal em entrevista para Marcelo Tas
Por Bruno Silva
Foto: Beatriz Oliveira |
Nesta terça-feira (1/10), Marcelo Tas recebe Nando Reis no Provoca. No programa, conversam sobre o recente lançamento do cantor, Uma Estrela Misteriosa, composições da carreira, Titãs, Cássia Eller, dependência química e muito mais. A edição inédita vai ao ar na TV Cultura e app Cultura Play, às 22h.
Quanto à recém-lançada obra de Nando, o álbum triplo com um disco bônus, que tem participação de músicos do R.E.M, Screaming Tress, Guns N’ Roses, Nirvana e Pearl Jam, ele conta: “Esse disco, que eu não imaginava que fosse alcançar esse tamanho e esse peso, porque um disco quando você começa, você não sabe bem o que vai acontecer. O fato é que foi fluindo muito bem a gravação, mas cabe dizer que ele surgiu, o disparador dele foi a vinda do Barrett Martin, que é o baterista do Screaming Trees, aí mencionado, amigo meu de longa data, que mora em Seattle, e o responsável por essa plêiade de convidados ilustres, que são amigos dele”.
“Eu componho, eu gosto de compor, é o meu ofício (...) É uma coisa, é um sofrimento danado. Eu, de fato, assim: 42 anos fazendo isso e a angústia que me atravessa, que quase me paralisa, não cessa, é a mesma. E, de certa maneira, ela piora, porque quanto mais você produz (...) e o fato de ter feito músicas que fizeram sucesso... a expectativa [cresce]. (...) E é uma coisa que, por mais que eu já tenha a experiência de que eu supero isso e que isso não está cristalizado como uma sina, não atenua o medo”, conta o músico, que tem por volta de 600 composições na carreira, como conta, mesmo tendo passado por crises criativas.
Nando ficou durante 20 anos no Titãs, banda que foi membro fundador ao lado de, nas palavras dele, “amigos queridos de escola”. Sobre a saída para uma carreira solo, conta: “Eu estava totalmente certo [em sair da banda]. Uma decisão dessa vai se construindo ao longo de um tempo e com uma junção de informações que exigem que você faça uma escolha, e, no caso, eu vou resumi-la entre uma incompatibilidade de agenda (...) Mas foi uma angústia dizer 'não' para uma banda, para amigos, e o 'não' sempre desperta uma animosidade, é uma ruptura”.
“Consegui parar de beber em 2016, vou completar oito anos”, diz. O músico ainda fala que o alcoolismo é uma doença, mas que há um romantismo, um glamour em torno deste tabu. “Eu demorei pra me dar conta. Acho que as minhas relações pessoais, especialmente familiares, estavam em frangalhos, arruinadas. É difícil falar. E profissionalmente, eu estava no limiar de queimar geral”, divide emocionado.
Sobre os impactos da dependência química em seus cinco filhos, Nando diz: “Isso é a coisa que mais dói, Marcelo, sabe? O quanto o alcoolismo acentuou do meu egoísmo, do meu individualismo e da minha impermeabilidade”. Emocionado, ele compartilha frase que ouviu de sua filha Sophia, quando adolescente, sobre a situação: “Pai, você fala tanto de amor, e o que você faz com o amor que as pessoas sentem por você?”. O cantor ainda conta que o sucesso “Pra você guardei o amor” vem de encontro com esse cenário.