OLIMPÍADAS 2024: PARIS ENCERRA E DEIXA GRANDE LEGADO
Por: Mateus Buzzo
![]() |
Foto: Gonzalo Fuentes / Reuters |
Nesse domingo (11), os Jogos da XXXIII Olimpíada encerraram com uma cerimônia longa que aconteceu principalmente no Stade de France, em Saint-Denis. Regada de história e cultura francesa, a cerimônia mostrou desde o nascimento dos jogos olímpicos na cidade grega de Olímpia, até o motivo da construção do estádio em que o evento aconteceu. Saint-Denis é a cidade com o IDH mais baixo na região de Ile-de-France, onde a capital francesa está localizada, e o estádio de 26 anos foi construído para elevar a economia da cidade. Como quase toda a política francesa gira em torno da Revolução Francesa, a construção do maior estádio do país não poderia ser diferente.
Pontualmente às 21h, horário de Paris, as luzes do estádio se apagaram para dar espaço à cantora francesa Zaho de Sagazan que não estava lá, mas sim no Jardin de Tuileries, onde a pira olímpica estava acessa desde a abertura do evento. Após sua breve apresentação, finalmente o palco do estádio viu os atletas que fizeram parte do evento representando suas respectivas delegações. Por motivo de espaço, nem todos estavam presentes e ausências como Rebeca Andrade e Simone Biles foram notadas. Para representar a delegação brasileira, as ganhadoras do ouro no vôlei de praia Duda Lisboa e Ana Patrícia Ramos foram escolhidas e levaram nossa bandeira com graça e maestria, da mesma forma como ganharam seu ouro.
![]() |
Zaho de Sagazan / Foto: EFE/EPA/Tolga Akmen/POOL |
O palco no estádio era em forma de mapa-mundi e os atletas poderiam ficar em torno dele, mas no show da banda francesa Phoenix, alguns atletas invadiram esse palco e a segurança teve que intervir para tirá-los de lá, o que parou a cerimônia por poucos minutos. Mesmo assim, Phoenix seguiu seu show junto com Angèle, da Bélgica, Kavinsky, um DJ também da França, e o rapper VannDaa, do Camboja. A apresentação dos artistas terminou com o vocalista do Phoenix, Thomas Mars, indo pro meio do público.
O evento continuou com uma apresentação quase teatral sobre a história das Olimpiadas. O Viajante Dourado desceu dos céus para resgatar os aros olímpicos e a chama olímpica também foi lembrada.
![]() |
Duda Lisboa e Ana Patrícia Ramos / Foto: Alexandre Loureiro/COB |
Finalmente, Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), e Tony Estanguet, presidente da organização do Comitê de Paris 2024, discursaram sobre a importância da cultura da paz e como os atletas em Paris trouxeram essa cultura para o mundo. Num momento de guerras entre Ucrânia e Rússia, Israel e Palestina e guerras civis em inúmeros países africanos, bem como a interminável Guerra Civil Síria, o discurso foi muito bem recebido pelos presentes, que visivelmente já estavam um pouco entediados.
Após a Orquestra Sinfônica de Paris cantar o Hino Nacional Olímpico, o evento finalmente chegou em sua fase final. Como de costume, a próxima cidade a sediar os Jogos Olímpicos deve se apresentar. Em 2028, Los Angeles sediará pela terceira vez as Olimpíadas.
Simone Biles, que estava ausente do desfile da delegação americana, entrou junto a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, e veio para representar seu país. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, finalmente passou a bandeira olímpica para Bass sob o som do hino americano cantado por H.E.R.
![]() |
Simone Biles / Foto: Phil Noble/Reuters |
A bandeira então foi passada para as mãos de Simone Biles e quando achávamos que a cerimônia estava no fim, Tom Cruise surge no teto do Stade de France para mostrar o lado do cinema Hollywoodiano que tanto orgulha os Estados Unidos. Pulando do teto para o chão do estádio de tirolesa, sem dublê como costuma fazer, Cruise pegou a bandeira das mãos de Biles e foi até Los Angeles, que foi mostrado num vídeo gravado. Os aros resgatados em Paris foram parar no letreiro de Hollywood.
A bandeira então passou para os atletas americanos Kate Courtney, Michael Johnson e Jagger Eaton foram de Hollywood para o Coliseu de Los Angeles para a Venice Beach, a praia mais famosa de Los Angeles, para um show de Red Hot Chillipeppers, Billie Eillish e Snoop Dog. Todos esses cantores nasceram no Condado de Los Angeles e representam não só os Estados Unidos mas também a cidade californiana. Os Chillipeppers, aliás, fizeram parte do vídeo gravado de Tom Cruise cantando "Otherside".
De volta para Paris, a francesa Yseult finalizou cantando "My Way" de forma sublime, lembrando a abertura cantada por Céline Dion. Enfim, a chama olímpica se apagou pouco depois da meia-noite (horário de Paris), encerrando Paris 2024 e trazendo à tona todo o legado dos jogos.
![]() |
Tom Cruise / Foto: Phil Noble/Reuters |
No quadro geral de medalhas, os Estados Unidos empataram com a China na quantidade de medalhas de ouro, tendo conquistado 40 cada um. Sendo assim, o COI desempata com quem tem mais medalhas no total geral, nesse caso os Estados Unidos com 126 medalhas. O Brasil ficou em 20º lugar com três ouros, sete pratas e 10 bronzes. 1044 medalhas foram entregues em Paris 2024.
De percas de medalhas a processos contra o COI, de arenas com vistas deslumbrantes ao nado no (poluído) Sena, de conquistas individuais a coletivas, de acusações de fraude do júri a revolta popular sobre resultados de medalhas, de protestos contra Israel a festejos para a Ucrânia, Paris deixou um legado que há os dois lados da moeda, mas uma coisa é certa: não esqueceremos jamais da Cidade da Luz abrindo os braços e recebendo o mundo inteiro do jeito que só a França sabe fazer.
![]() |
Red Hot Chilli Peppers / Foto: Reprodução/TV Globo |
![]() |
H.E.R. / Foto: Reprodução/COI |
![]() |
Yseult / Foto: Reprodução/COI |
![]() |
Billie Eillish / Foto: Reprodução/TV Globo |