HÁ CINCO ANOS, TAYLOR SWIFT ANUNCIAVA QUE PERDEU DIREITOS AUTORAIS DE SEUS PRIMEIROS ÁLBUNS

Kelly Clarkson incentivou Swift a regravar todo seu conteúdo
Por: Mateus Buzzo

Taylor Swift em São Paulo / Foto: Reprodução


Faz cinco anos que a estrela mundial Taylor Swift escreveu uma carta aos fãs informando que sua antiga gravadora, a Big Machine Records, havia vendido os masters de seus seis primeiros álbuns e, consequentemente, havia perdido o direito de cantar suas próprias músicas.

Para que possamos entender essa história, devemos voltar a novembro de 2018 quando Taylor assinou contrato com a Republic Records após seu contrato com a Big Machine expirar. Após ver Swift lançar seu primeiro álbum com a gravadora nova, e sétimo no geral, Lover (Republic, 2019), o dono da Big Machine, Scott Borchetta, vendeu o selo para Scooter Braun, famoso por trabalhar com Justin Bieber e Ariana Grande, tornando-se dono de todo o conteúdo da gravadora, inclusive os seis primeiros álbuns de Swift.
Ela, inclusive, anunciou na mídia que tentou por diversas vezes comprar o conteúdo que é seu por direito, já que Swift é conhecida por escrever todas as suas músicas e produzir todos os seus álbuns, mas teve o pedido negado por Braun.
Master é a primeira gravação de uma música, após edição e mixagem, para que possa ser reproduzida, copiada e baixada e que geralmente pertence à gravadora a não ser que o artista que gravou tenha um contrato diferenciado, o que é bastante raro nos dias atuais.

Como se não bastasse, a Big Machine Records proibiu Taylor Swift de cantar suas músicas, já que a cantora tinha os direitos autorais das letras das canções, mas não as músicas em si. 

Foi aí que a cantora Kelly Clarkson deu a ideia para Taylor, publicamente no Twitter, regravar todo o seu material com algum diferencial para que houvesse apelo aos fãs e que ela mesma compraria tudo novamente para provar que daria certo. Taylor então anunciou que regravaria absolutamente todas as suas músicas, de todos os seus seis álbuns com a Big Machine.

Twitt de Kelly Clarkson de 14 de julho de 2019 e capas dos lançamentos antigos e regravados / Foto: Reprodução, Big Machine Records e Republic Records


E a história não acaba por aí. Braun vendeu as masters originais em 2020 por 405 milhões de dólares continuando a ter lucro com o nome de Taylor acreditando que a cantora estaria blefando sobre regravar todo o seu extenso material, de acordo com o Financial Times. Artistas como Dionne Warwick,  Anne Murray, Cher, Selena Gomez, que é amiga pessoal de Taylor, Halsey, Iggy Azalea, Sara Bareilles, Lily Allen, Tinashe, Ella Eyre, Hayley Kiyoko, Camila Cabello, Brendon Urie, que gravou a música "Me!" com Swift, JoJo e Sky Ferreira, que também perderam seus trabalhos para as antigas gravadoras anos antes, Azealia Banks, Jack Antonoff, Alessia Cara, Gretchen Peters, a brasileira Iza, Katy Perry, que é conhecida por ter uma briga de anos com Swift, Anita Baker, Cara Delevingne, Heidi Montag, Gigi Hadid, Antoni Porowski, Ruby Rose, Jameela Jamil, Mike Birbiglia e Todrick Hall, este último acusando Braun de homofobia, apoiaram Swift e alguns até entraram em briga virtual com outros artistas e alguns fãs.
Já artistas como Justin Bieber, Sia, Demi Lovato, Ty Dolla Sign, Hailey Bieber, David Geffen e o governador do estado americano da Virgínia, Gleen Youngkin, deram apoio a Braun dizendo que ele era um bom homem e não agiu por mal.

O caso foi tão grande que foi o assunto mais discutido nos Estados Unidos durante o ano de 2021 e envolveu o país numa (outra) guerra política. Os fãs de Swift descobriram que as empresas que compraram os masters originais podem ter envolvimento com a guerra civil no Iêmen, um país no Oriente Médio que desde 2014 está em guerra ininterrupta.

O resultado de tudo isso? Taylor não blefou e regravou quatro álbuns. "Fearless" (Republic, 2021), "Red" (Republic, 2021), "Speak Now" (Republic, 2023) e "1989" (Republic, 2023), todos com o título adicional de "Taylor's Version", arte gráfica diferenciada e músicas adicionais nunca lançadas, foram lançados e alcançaram um nível de sucesso nunca visto antes, nem mesmo com os álbuns originais, fazendo com que estes sumam dos charts podendo trazer prejuízo às empresas que compraram as masters, já que os swifties, os fãs da cantora, chegaram a bloquear estes materiais de suas plataformas de streaming para que eles sejam completamente esquecidos. Na indústria da música, artistas como Dua Lipa, Olivia Rodrigo, SZA, Paris Hilton, Rita Ora, Joe Jonas, Bryan Adams, Snoop Dog e Ashanti regravaram ou demonstraram interesse em regravar seus trabalhos. Demi Lovato, que não apoiou Swift durante a disputa, lançou um álbum chamado Revamped (Island, 2023) com novas versões de suas músicas, mas somente aquelas que foram escritas por ela, bem como Taylor fez. E Swift, por sua vez, acabou por ser a artista que mais vende álbuns no mundo desde que o novo "Fearless" foi lançado em 2021 e tem a turnê mais rentável do mundo: a "The Eras Tour", que é uma trajetória de toda sua carreira.

Ainda faltam dois álbuns a serem regravados. O primeiro e o sexto, que deverão se chamar "Taylor Swift (Taylor's Version)" e "Reputation (Taylor's Version)", este último sendo o mais aguardado pelos fãs. Rumores corriam desde os shows do Brasil, em novembro de 2023, quando foi especulado que a cantora anunciaria a regravação de "Reputation" (Big Machine Records, 2017) em São Paulo, mas não aconteceu. Também poderia rolar um anúncio em Tóquio e Cingapura, mas também não aconteceu. Mesmo não sabendo quando teremos novos materiais regravados, Taylor Swift mostrou que ela não veio para brincar e comanda a indústria mundial. Se Taylor Swift faz, a indústria da música somente a acompanha, já que Taylor é sinônimo de sucesso. Sempre!